Conselho Regional dos Açores da Ordem dos Médicos Veterinários apresenta estudo sobre medicina veterinária dos Açores
O Conselho Regional dos Açores da Ordem dos Médicos Veterinários apresenta hoje o estudo inédito “Medicina Veterinária na Região Autónoma dos Açores – impacto socioeconómico e estudo prospetivo”, assinalando o dia do Médico Veterinário e o Dia do Animal que se celebram a 4 de outubro.
O estudo tem como objetivo caracterizar o setor da medicina veterinária na Região açoriana, nomeadamente traçando o perfil do Médico Veterinário que exerce atividade nos Açores, estimando o seu impacto económico e social no setor, bem como identificando as principais tendências, oportunidades e desafios.
A apresentação do estudo decorre no Hotel Marina Atlântico, em Ponta Delgada, às 18h30, contando com a presença do Secretário Regional da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, António Ventura, e do Bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV), Jorge Cid. O encontro tem ainda a participação do Presidente do Conselho Regional dos Açores da OMV, Manuel Leitão, Professor Doutor Gualter Couto – Sócio da Fundo de Maneio, Professora Doutora Maria do Céu Patrão Neves, Presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, e Professor Doutor Rui Manuel de Vasconcelos e Horta Caldeira, Presidente da Faculdade de Medicina Veterinária de Lisboa.
De acordo com as conclusões do estudo, existem 253 Médicos Veterinários no ativo nos Açores, que representam cerca de 4% dos profissionais a nível nacional. Sobre o perfil destes profissionais, o estudo conclui que mais de metade dos Médicos Veterinários têm idade inferior a 40 anos e cerca de dois terços destes profissionais exercem prática clínica privada como principal atividade (dados de 2021).
O estudo destaca a importância do papel do Médico Veterinário para a saúde pública, nomeadamente na erradicação de zoonoses (doenças que são transmitidas entre animais e humanos), tais como a brucelose e a BSE; no controlo higiénico-sanitário nos estabelecimentos que lidam com produtos de origem animal (em 2022, mais de 327 atividades possuíam NCV - número de controlo veterinário); e na sua intervenção, através dos diversos canis municipais, no controlo da população animal não controlada.
No que se refere ao impacto económico e social, em 2021, o impacto económico mensurável global estimado para a Região Autónoma dos Açores foi de cerca de 8,5 milhões de euros. Por cada euro gasto na atividade de Medicina Veterinária foi gerado um incremento adicional de trinta e quatro cêntimos na economia, por via do impacto indireto e do efeito induzido desta atividade.
Relativamente à criação de postos de trabalho, em 2021, estima-se que a atividade veterinária foi responsável pela existência de 119 postos de trabalhos marginais, ou seja, cada Médico Veterinário a atuar na Região contribuiu, em média, para a criação de 0,47 postos de trabalho adicionais. Para além disso, os contributos dos Médicos Veterinários têm sido cruciais para o crescimento sustentado do setor agropecuário, através da promoção de um maior controlo nas metodologias de recolha e tratamento de leite e da carne, e conferindo um maior rigor no processo de transformação agroindustrial.
Manuel Leitão, Presidente do Conselho Regional dos Açores da OMV, disse: “Este é um estudo inédito e deve ser encarado como um ponto de partida para comparações no futuro e para avaliação da evolução do impacto socioeconómico da Medicina Veterinária, enquanto profissão, na Região Autónoma dos Açores. Não se pretende que seja um estudo definitivo, mas que seja usado como uma plataforma de trabalho para o desenvolvimento de outros trabalhos complementares a este”.
“A agropecuária e o turismo são setores estratégicos para os Açores. Damos por adquiridos os níveis de segurança alimentar nos restaurantes, nos hotéis, nos supermercados, damos por assegurados os padrões de bem-estar e de sanidade animal, que nem damos pela existência dos Médicos Veterinários. No entanto, o seu papel é fundamental também para estes setores da economia e queremos que seja conhecido”, refere Manuel Leitão.
O estudo assinala ainda as principais tendências, oportunidades e desafios do setor para os Açores. Como principais tendências assinalam-se o maior número de animais de companhia, a aquacultura e a produção biológica. As oportunidades centram-se na criação de planos de saúde animal, desenvolvimento de sinergias entre as entidades de I&D para a promoção de conhecimento em áreas-chave e as oportunidades de investimento de apoio que surgem no seguimento do novo Quadro Comunitário – Construir 2030.
Relativamente aos desafios, centram-se, sobretudo, na promoção de abordagens unificadoras para otimizar a saúde das pessoas, dos animais e do meio ambiente, de forma integrada (conceito “Uma Só Saúde”), criação de mecanismos de facilitação para a formação continua dos profissionais de saúde e a promoção de um sistema de recolha de dados históricos sobre o setor.